Caros Irmãos no Escutismo e em Cristo, Amigos.
Estes têm sido dias de constante sobressalto para tantos e tantos portugueses que viveram com um aperto no coração momentos absolutamente aflitivos muitas vezes agravados pela sua impotência perante tamanho oponente que nada poupa e nada respeita.
Felizmente as coisas estão a correr de feição na nossa região e, em quase todos os lados, se faz a consolidação dos rescaldos para que não hajam reacendimentos.
Foram dias muito intensos que vivemos também de forma intensa que ajudou muitos de nós a perceber e a viver de perto o outro lado destas ocorrências, partilhando o dia-a-dia de um quartel de Bombeiros que é refúgio, que é o espaço onde se descansa após inúmeras horas de serviço, que é onde se toma um banho retemperador, que é onde se come uma refeição decente, que é onde se espera encontrar um sorriso, um gesto amigo que apague, mesmo que por momentos, as imagens que marcam o olhar de um fogo intenso que queima, que destrói, que por vezes consome a alma.
Tivemos um papel importantíssimo nesta operação de acolher, de colocar a mesa, de preparar e distribuir refeições, mas tão importante quanto isto foi a simpatia com que acolhemos estes Homens e Mulheres, fazendo-os sentirem-se na sua casa, que naquele momento estava a centenas de quilómetros… em Olhão, em Beja, em Reguengos, em Lisboa, no Montijo… aqui era agora por alguns dias a sua casa, a sua família… e também a nossa. Foi bom perceber que tínhamos sempre uma palavra de carinho fossem 10h da manhã ou 3h e meia da madrugada.
Também é nesta missão de ser dar ao outro que construímos o nosso carácter, é nestas dificuldades que sabemos do que somos capazes e até onde somos capazes… e percebemos também com quem caminhamos.
Num tempo em que precisámos de união, encontrámos uma Região unida num mesmo propósito; num tempo em que foi importante partilhar abraços que fortalecem, palavras que motivam, gestos que acolhem, princípios e valores que unem, tudo isso veio ao de cima, e sentimo-nos bem, pelo bem que estávamos a fazer aos outros.
Não ficámos por Aveiro e houve mesmo acções que foram para além da nossa Região, porque somos Escuteiros… não apenas escuteiros de Aveiro. Partilhámos uma parte do que tínhamos e fomos dar o nosso apoio a outros que também necessitavam…
Não, não somos perfeitos… nem tudo correu tão bem quanto queríamos, não… mas acredito que cada um de nós, ao fim de quase oito dias de trabalho, foi para casa de alma cheia pelo serviço que prestou e que prestou da melhor vontade, sem esperar recompensa…
Estes dias conseguimos, com a ajuda Deus, criar uma grande onda desta nova maré de escutismo com sal inundou a nossa Região e deu-lhe outro sabor.
E fomos Felizes, porque fizemos outros felizes.
Amanhã entraremos na nossa rotina diária mas, certamente para muitos de nós este tempo irá permanecer por muito tempo nas nossas memórias porque percebemos que por umas horas de disponibilidade do nosso tempo podemos fazer a diferença que queremos ver no Mundo.
Bem hajam a todos os que partilharam estes dias, bem hajam a todos os que nos deixaram Servir. Se um dia que, esperamos seja distante, precisarem de nós, cá estaremos de novo de alma e coração abertos.
Águeda, 16 de Agosto de 2016
Canhota Muito Amiga do v/ CR,